9.9.06

Pedro de Tiano, Comunista da Velha Guarda

Por Juracy de Oliveira Paixão
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Idos dos Anos 60. O Partido Comunista Brasileiro (PCB), na semi-legalidade, possuía ativo diretório no Município de Irará, no qual se destacavam Raul Cruz – o Intelectual e Pedro de Tiano – o Homem das Massas. Enquanto Raul sobressaia-se por sua capacidade de interpretar Lênin, Marx e Engels, transmitindo aos seus camaradas os ensinamentos dos Clássicos do Marxismo, Pedro dava lições de como “falar ao povo usando a linguagem do povo”.
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Pedro Ferreira da Silva entrou para o Partido pelas mãos de Tertuliano Teixeira (o Tiano do Depósito) com quem trabalhava. Um dia, a Direção Estadual do PCB resolveu encarregar Tertuliano da tarefa de organizar o Partido nas regiões de influência da Petrobrás no Recôncavo e ele se foi, deixando duas vagas para Pedro assumir: a do apelido e a do Diretório.
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Naqueles anos, ser comunista conhecido e oficial era um ato de heroísmo, não somente pelas perseguições promovidas pelas forças da repressão estatal mas, também, pelos estigmas que entidades como a Igreja Católica impunha aos ditos vermelhos. Muitas vezes, até os familiares do comunista o combatiam, dificultando-lhe a vida. Ao menos, Pedro teve sorte com seus familiares: desde o sogro João Pechincha até os irmãos mais velhos e mais moços, todos eram membros ativos do Partido e deles o camarada Pedro recebia todo o apoio e cobertura.
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Pedro de Tiano revelou sua suprema audácia e coragem quando, em plena ditadura militar, deu guarida e refúgio nas Terras do Manã a Percílio dos Santros, líder das Ligas Camponesas na Bahia, então caçado por carrascos de farda e por jagunços de latifundiários. Percílio sobreviveu aos anos de chumbo graças ao apoio de Pedro de Tiano e de outros que, como ele, souberam honrar os ensinamentos de Lênin.
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Irará tem filhos ilustres dos quais pode se orgulhar. Pedro merece destaque nessa constelação.

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