3.5.09

Memórias de João Falcão; histórias da Bahia

No sofá de casa, João Falcão exibe novo livro de sua autoria


Tive a felicidade de encontrar João Falcão, 89 anos, por três oportunidades. Uma foi quando do lançamento do livro, “Não deixe essa chama se apagar”, no qual ele discorre sobre a história de resistência do Jornal da Bahia, do qual era diretor. As outras duas, quando fiz as entrevistas com ele, para escrever a monografia sobre as militâncias (política e cultural) de Aristeu Nogueira.

No hotel da Bahia a conversa foi rápida. João estava em noite de autógrafos. Apenas lhe fui apresentado através do amigo cordelista Antônio Carlos de Oliveira Barreto. Anotei o telefone dele, liguei e marquei uma entrevista.

Após a leitura de “O Partido Comunista que eu conheci – 20 anos de clandestinidade”, cheguei à casa de João Falcão, autor da obra, para a entrevista. Fui recebido de forma bastante cordial. Ele respondeu os questionamentos, relatou fatos e me presenteou com outro livro de sua autoria.

Na publicação “Giocondo Dias – A vida de um revolucionário”, encontrei informações sobre o PCB (Partido Comunista do Brasil) e, melhor ainda, uma breve descrição da fuga de Aristeu Nogueira para o Rio de Janeiro, quando do regime militar. A saga foi contada a João Falcão pelo próprio Aristeu em entrevista.

Após a leitura deste outro livro voltei à casa de João. Lembro-me do meu caráter empolgado nesses encontros. Sentia-me feliz por estar diante de um personagem vivo da história do Brasil. João Falcão, destacado integrante do Partido Comunista na Bahia, chegou a trabalhar como motorista de Luís Carlos Prestes, o legendário Cavaleiro da Esperança.

Outro dia, Claúdio Leal telefonou comunicando-me que João tinha lançado mais um livro. Em “A história da Revista Seiva” ele conta a trajetória de uma publicação baiana, dirigida por ele, que reunia texto de renomados intelectuais, desafiando a censura do Estado Novo de Getúlio Vargas.

Fiquei feliz. Certamente neste livro poderei colher mais alguma informação para acrescentar ao texto da monografia que escrevi. Afinal, além de Aristeu ter sido um dos colaboradores da Revista, ele foi sócio de Falcão na gráfica onde rodavam os exemplares. E, por ser um “homem muito oraganizado”, como bem lembra João Falcão, Aristeu era responsável por toda organização burocrática da gráfica.

Além disto, a leitura do livro é mais uma oportunidade para conhecer momentos importantes da história da Bahia. Ainda bem que João Falcão esta nos dando a oportunidade de compartilhar suas memórias.

Feliz dos homens que quando chegam à melhor idade tem boas histórias para contar. João Falcão é um deles.

Claúdio Leal entrevista João Falcão e Armênio Guedes

Por conta do lançamento do Livro “A história da Revista Seiva”, o amigo Claúdio Leal, Repórter de Terra Magazine, entrevistou João Falcão e Armênio Guedes.

Residindo hoje em São Paulo, Guedes foi companheiro de Falcão e de Aristeu Nogueira no Partido Comunista. Além de atuarem juntos no Partido, Armênio Guedes e Aristeu Nogueira, atuavam na mesma célula partidária e eram colegas de turma na Faculdade de Direito.

Leia entrevista -

Foto: Haroldo Abrantes – ag. A TARDE - tomada de “empréstimo” da notícia do A TARDE.

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