22.5.10

Irará na infância de Damário

Damário DaCruz - Vida Poética


E lá se foi Damário DaCruz. Só fisicamente é claro. As idéias e versos estarão por aqui. Serão vivas enquanto existir alguém disposto à contemplação da verve poética. Basta uma alma sensível aos encantos da poesia e a chama continuará acesa.


Fiquei sabendo ontem pelo Twitter. Logo em seguida, fui confirmar o fato no link que dava para a Revista Muito do A TARDE. O poeta Damário da Cruz faleceu.


Conheci Damário na Facom. Um dia que ele foi palestrante na Catédra Andres Belo. Em companhia de Douglas de Almeida, peguei uma carona. O trajeto foi curto (de Ondina ao Rio Vermelho ), a conversa rápida, mas valeu e muito.


Damário falou-me um pouco dos tempos dele na Faculdade de Comunicação. Poesia, política, publicidade, concepções de mundo. Voltei a encontrá-lo em alguns eventos poéticos.


Um dia acabei visitando o Pouso da Palavra em Cachoeira, organização conduzida por Damário. Infelizmente ele não estava lá. Saí daquele aconchegante ambiente com alguns dos seus calendários-poemas e uma camisa na qual tinha grafada uma mensagem:


“GlobalizaCÃO: quanto mais sonho com Cachoeira, acordo em Nova Iorque”. Mais um dos seus reflexivos versos.


Por duas oportunidades convidei-o para fazer uma fala no Colóquio de Literatura Popular. Em ambas, infelizmente, ele tinha compromisso em eventos poéticos na Colômbia e na Nicarágua, não sendo possível aceitar o convite.


A ausência não foi por falta de vontade. Em e-mail enviado no dia 23/10/2006, Damário escreveu: “Irará faz parte da minha infância (tenho, também, o umbigo enterrado em Berimbau, e para mim é tudo o mesmo ar).


Diante de um novo convite para o Colóquio, que iria acontecer em 2009, Damário respondeu em 16/06/2009: “Infelizmente, e mais uma vez, fico para o próximo”.


Não houve o Colóquio 2009, tampouco temos perspectivas de que haja um próximo. E agora não poderemos mais contar com a presença dele. Damário DaCruz não virá a Irará. E, lamentavelmente, não será um evento poético no exterior que o impedirá de vir.


Agora Damário partiu. Juntou-se ao clube de Zeca de Magalhães e Antônio Vieira, só para citar os mais próximos nesta lista da Sociedade dos Poetas Mortos de nossa Bahia e do Brasil.


Damário deixou poesia de despedida


Barreto escreve cordel para Damário


Homenagem de Silvério Duque



Dois poemas

Todo risco


A possibilidade de arriscar

É que nos faz homens
Vôo perfeito
no espaço que criamos

Ninguém decide

sobre os passos que evitamos
Certeza
de que não somos pássaros

e que voamos
Tristeza
de que não vamos
por medo dos caminhos

Outros jardins


Borboletas

são flores
que decidiram
ganhar o mundo.

Foto capturada do site: http://www.joaodorio.com/site/images/stories/poemas_damario_dacruz.jpg

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