7.6.10

Precisa-se

Placa anuncia vagas

Pedreiro, eletricista, encanador, diarista... Tá difícil achar determinados tipos de profissionais.
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“A classe média vai ao paraíso”. Milhares de novos prédios, com apartamentos novos, facilitados pelo crédito e prestação. A propaganda vende e todos sonham com a nova moradia. Quem vai construí-la?
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Encontrar profissionais dispostos a trabalhar nas profissões que exigem maiores esforços físicos está cada vez mais difícil. Tem vaga para gari, servente de pedreiro e lavadeira. Grande oferta, pouca procura.
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A geração de hoje não foi “educada” para assumir tais profissões. Além de ganhar pouco, para muitos ainda é símbolo de “humilhação” desenvolver determinados serviços.
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O modo de vida na TV incentiva. As escolas não ficam atrás. Faça uma pesquisa e verá. Desde as séries iniciais as crianças só pensam em ser médicos, advogados, ou exercer qualquer tipo de profissão que possa “dar dinheiro”.
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Nada ilegítimo nas aspirações infantis. Afinal, é da natureza humana querer “se dar bem”. Ninguém veio ao mundo pensando em “se dá mal”. Então a culpa estaria no sistema que supervaloriza uns em detrimento de outros?
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Ouvir falar certa feita que na Noruega não há muita diferença entre o sujeito ser Gari ou possuir um diploma superior em qualquer área profissional. “A diferença salarial lá é mínima, daí as pessoas escolhem suas profissões de acordo às suas afinidades”.
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Não sendo anedota, no mínimo podemos classificar o caso norueguês como uma honrosa exceção. Na imensa maioria dos países do globo a realidade é completamente diferente. E, como se não bastasse a desvalorização financeira, as profissões ainda sofrem de desvalorização simbólica.
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Os jovens costumam ser influenciados pela minimização que o status social reduz determinadas profissões. Não é de ignorar que muitos preferiam andar à margem da lei, exercendo atividades como o tráfico ou qualquer outra ação ilícita, do que assumir uma função social considerada subalterna.
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Assim, faltam profissionais no mercado para exercer o trabalho pesado. Isto não se dá porque o mundo está totalmente evoluído e mecanizado, no qual todo “trabalho duro” estaria relegado às máquinas. Tão pouco é pela falta do chamado exército de mão de obra excedente.
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Talvez não dê para dimensionar que graves conseqüências sociais este cenário trará. Contudo, fica explicita algumas necessidades.
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O capitalismo precisa de um contraponto. A educação precisa trabalhar com mecanismos de valoração da vida e não apenas com o “sucesso profissional” no horizonte. As pessoas precisam re-pensar os seus valores. Precisa-se...
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foto: http://www.divisiengenharia.com.br

Um comentário:

Juracy Paixão disse...

Caro Roberto,
Oportuno o seu texto.
Mas,o que seria dos condomínios de luxo, das obras estatais,dos monumentos,sem o pedreiro,o encanador,o pintor o eletricista, o artesão,o servente que mistura massa?
O capitalismo "premia" a tecnologia,ostenta o "valor" dos diplomas e ignora os humildes, os "sem vez". Por falta do incentivo básico, ningém mais se aventura a ter um martelo,uma pá, uma picareta, um alicate,um pincel. O "papai" egoista critica o filho porque o cara quer ser balconista, porque o filho quer ser doutor, embora sem recursos. Não vai ser doutor e não vai ser nada.

Triste mundo, esse, que nos restou, nesta sociedade universal unilateral e dita globalizada,dominada pelo unilateralismo predador

Um abraço,

Juracy