24.5.12

Que tipo de profissional sou eu?


Uma cena vista há dois dias, me provocou algumas reflexões sobre o meu exercício profissional. Aqui na rua, próximo à minha casa, tinha uma aglomeração de pessoas. 

“O que aconteceu?” 

“O portão do deposito da loja de material de construção caiu em cima do rapaz”. 

A multidão vai aumentando. Vou em direção ao local do acontecido. Tenho algumas preocupações. 

“Será que alguém ali já chamou a ambulância?”. 

“Será que estão conscientes de que não podem socorrer o rapaz de qualquer maneira? Afinal, se pegarem a vítima de mau jeito pode comprometer a coluna vertebral ou outro órgão.” 

Chego próximo ao local. O portão já foi retirado. A vítima está ao chão. Logo escuto alguém falar do ocorrido. “Caiu em cima da perna dele”. E outro alguém fazer uma afirmação. “A ambulância já esta a caminho”. 

Saí. Não havia nada que eu pudesse fazer ali. Se permanecesse, seria apenas mais um a tumultuar a cena.  

Não demorou quase nada, a assistência chegou, o rapaz foi removido e a aglomeração de pessoas se dissipou. Tão rápido como havia sido formada.

Depois lembrei-me do fato. “Dava notícia!”. E a notícia poderia ser veiculada pelo Iraraense (Portal da Internet criado por mim). 

E eu tava ali de celular no bolso, mas não registrei, não fotografei, não filmei... tão pouco procurei informações mais aprofundadas. 

Antes, preocupei-me com o estado de saúde do rapaz. Quando lembrei da possibilidade de  registrar, a cena havia sido desfeita. Perdi a notícia. E aí me veio uma pergunta: 

“Que tipo de jornalista sou eu?” 

Depois comprovei a força de noticiabilidade do caso do portão, quando alguns me perguntaram o que havia ocorrido alí. 

Se o fato tivesse virado notícia do Iraraense, talvez tantos outros, quem sabe até numa quantidade de pessoas bem maior do que aquela dos perguntantes e dos aglomerados envolta, tivesse se interessado e acessado a notícia. 

Esta, assim como outros tipos de “notícia”, faria crescer a audiência do site. E com maior audiência, pela lógica mercantil, seria mais fácil conseguir parceiros para manter o veículo. 

Daí surge outra pergunta: 

“Que tipo de empreendedor da comunicação sou eu?”

Logo se vê. Sou um Roberto. Mas, pela lógica do mundo, longe de ter o sucesso profissional de um Civita ou um Marinho.  

Nenhum comentário: