1.10.14

Os cãesdidatos


Depois de um olhar ligeiro, a gente pode pensar que o cachorro também é candidato.

Corre o risco da rapidez na visualização pregar uma peça. 

Imagine um cão, como um político importante, dando apoio ao seu coligado. 

A cidade está infestada de placas com fotos de políticos. Outro dia vi uma com um candidato a deputado, um candidato a senador, um candidato a governador e um cachorro. 

Rapidamente, me perguntei: “O cachorro é candidato a que mesmo?”. 

Parece a moda da estação. Percebe-se um aumento no número de candidatos a pousar ao lado de fotos caninas. 

É a onda pela defesa dos animais. 

Dizem que isso dá voto. E, provavelmente, quem vota, quem pede e quem defende este tipo de voto deve relevar maior importância aos direitos animais. Os humanos e os sociais ficam em segundo plano. Se é que figuram em alguma posição... 

Sabedoria popular diz ser melhor um cachorro amigo do que um amigo cachorro. 

O cachorro é visto como símbolo de “amizade” e “fidelidade”. Já “cachorrada” remete a “falsidade” ou “safadeza”. 

Desconheço qual simbologia precede a outra. Apenas observo os usos e os frutos nas representações daquelas palavras em suas contradições.

Minha mãe me contou que, em tempos eleitorais, quando a humilde residência da família na zona rural era visitada por políticos, após a saída de cada um deles, meu avô materno alertava: “É tudo uns cachorro minhas fia, só muda a coleira”. 

A “coleira” seriam os partidos. 

Hoje é difícil identificar a qual linhagem pertence um político profissional. Temos visto muitos deles mudando de “coleira” ou até mesmo de “canil” a todo instante. 

Neste ambiente, é raro encontrar “cães fieis” a princípios. Existem muitos “cães de guarda” ferozes. Eles defendem, com garras e dentes, os seus empregos, salários, vantagens e/ou mordomias.

Ainda que possamos separar o joio do trigo, o eleitor se perde no meio de tantos “cãesdidatos” a latir no horário político eleitoral.

“Quanto mais eu conheço os homens, mais admiro os cachorros”. 

Quem costuma repetir a famosa frase acima deve acreditar mais nos cães do que nos homens. E, certamente, ficaria feliz se os cães estivessem denotativamente na política. Porque, conotativamente, a cachorrada já faz parte do meio político há muito tempo. 

Será que um dia os cães estarão na urna eletrônica? 

Bem, nos cartazes e no horário eleitoral da TV eles já estão aparecendo de montão. “Au, au!”. 

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